Nudez Amarela



Olhares magos consumiam sua qualidade de moça.

Terna...
 

Domínioque jorrava-lhe dos hábeis dedos de criança..

Insólita...

Dança, enganando os deuses em sua ingenua melúria

crença deturpada ao sentido da razão

mantém discreta o prazer de sua função

em enorme potencial lúbrico

e cruel habilidade de se adaptar.

Nudez Cinza


Não era mais que fino tato sobre os ossos...

Pêlos finos retirados com cuidado,

Cobrança refletida em olhos rasos

e penosamente vagos.

Caminhava flutuante entre as cismas

Namorava-se em sonho conturbado

diante de um espelho fosco e cinza.

Mas era linda e oca como deveria ser.


Nudez Vermelha



O umbigo da moça era fundo...

no fundo do poço ela estava.

No fundo da noite, perdida

No fim de um amor, esquecida

De dentro de si, nova vida

escorregava.

A Regra dos Passos de Antonio


Naquele dia eu parei pra ver Antonio passar. Antonio passava todo dia e eu nunca parava pra ver, talvez por já saber que amanha passaria denovo e passava sempre igualzinho, mas nunca parava não... no máximo errava o caminho, mas logo acertava o passo e voltava pra sua linha, fazendo tudo direitinho pra ser um homem normal.
Antonio nunca falava, achava que falar lhe encurtava as passadas e por momento se esquecia que tinha que passar rapido pra poder passar de novo... e eu nunca olhava Antonio passar.
Mas naquele dia eu parei pra ver Antonio, e vi que ele me olhava grande e arrastava cada pisada querendo alongar o caminho, tentando entender porque eu não sabia entender que ele sempre passava porque eu sempre ficava parada, esperando o dia em que Antonio passaria e eu resolveria olhar. Não pra ver ele passando, mas pra ver ele me olhando e saber que eu to gostando de Antonio me gostar.

Água Branca


Era uma vez num distante local próximo,
Uma pedra parada a beira de um buraco no centro da estrada,
Indecisa em qual ou que caminho tomar,
Receosa de cair ou ficar,
Decidiu...
Mergulhou e assim...
Viu-se dentro de um poço abandonado,
Repleto de si por todos os lados,
Angustiou-se, mas também fortificou-se.
Alojada em um balde de madeira sentiu-se mais segura.
Esperançosa de sair daquele local escuro que mais parecia um álbum de família,
Foi quando sentiu o estremecer toma-lhe conta.
Na verdade era o estremecer do balde que começava a ser içado.
Uma senhora que havia se perdido e agora sofria por culpa da sede.
Ela admirou-se com a beleza da pedra que morava dentro daquele encardido balde,
Amarronzado pelo ciclo do eterno,
A senhora segurou a pedra com força, colocou-a de lado enquanto matava o sedento desejo.
Levou a pedra ate sua casa,
Limpou-a e deu-lhe espaço na sua caixinha...
Toda noite contava-lhe segredos...
Assim descobria coisas suas e sentias com verdade
Coisas que o tempo de desejos havia sido encoberto pela poeira dos eidos.
Mas que aos pouco a trazia de volta a vida.

Ainda...

Dos anos idos... que não houve nada

Aos que virão e lembrará ferrugem.

Da tentativa iniciada a pouco,

define o desespero promulgado e lento.

A querença de quem quer sem egoismo, apenas se sentir tão quista quanto.

O instante, mastigado, confessado, e agora puro!

Ignora o efeito de periodica ausencia.

Mas eu esqueço...

Compartilho o tempo que não é meu e vivo!


E por querer, devias sim,

partir do afeto incendiando o toque.

Mas essa é a lição que desconheço. E aspiro

Não distante daquela que estende espaço e tempo...

desafiando resquicios de coragem aleatoria.

Não há culpados se não houve história.

E isso aprendemos desde cedo.

Está Escrito

Anos depois, Ela, de anos atrás

Eu perguntei:

-Julia ou Verônica?

E ela disse:

-Isabel...

Após Três a Quarta é a Quinta


É minha essa capa amarela. Saio na chuva com minha capa amarela. Minha capa de quarto cabide, fora do quarto me deixa seca e segura. Meus olhos vermelhos são tom inconclusivo... Irrelevante a essa cor que se dispõe de mim.
Deve ser assim, frio assim em quadro quente.
Mas me esqueci...
E assim ninguém desperta tudo isso que eu não chego a ser


Três anos.
Sempre três.
Não sei por que demorei tanto a entender.
A minha condição de quarta cor não interfere na regra sistemática do três, que foge a toda e qualquer lógica de jogo e não distante da regência que lembro não é de justiça que falamos.
O seu trabalho sempre foi cruel e digno. O meu veio inexato as minhas mãos. A historia que ouvi e se reproduz perfeita com personagens dedicados e roteiro genuíno traça inevitável meu destino.
E minha capa amarela me protege da chuva. Crença que cultivei sem culpa alguma. Pois se afinal de contas escondi a luz divina, sufoquei-a ate a morte antes mesmo de nascer.
E ele era uma criança linda... e minha função era fazê-lo amá-lo muito. Quando voltasse... Se um dia esperasse a sua volta.
Um dia ou talvez quinze anos.
Eu sobreviveria a uma cidade proibida.
Mas continuaria dividida... Qual é o meu trabalho nesse novo signo?
Seria culpa da minha aura índigo ou do meu relógio quebrado?
Atraso...não me basto distração a este retrato.
Acuso minha sorte de abandono e por descrença...
Falho.
Um pena, uma flor e um giz de cera e elaboro a minha quarta cor... de morte.

Às Terças


Estava voltando, mas se deteve um instante na esperança de encontra-lo no caminho. Procurou inerte, varreu o espaço com os olhos mas não o viu em canto algum.
A mulher perto da escada no entanto, tirara um papel do bolso, que podia jurar ser o seu segredo. Foi ate ela e perguntou...A mulher olhou o papel, sorriu e lhe respondeu o que seria talvez o mais improvavel, ele estava onde ela deveria estar.
O coração acelerou e só então percebeu que estava perdendo um tempo sagrado. Em uma fração de segundos viu-se em disparada em direção ao inesperado acontecido. Em exagero, é verdade. Quase parou em cima dele. Tentou disfarçar mas queria mesmo era deixar explicito. Se sentou e começou a tremer...reparar atenta os detalhes que, em fato, nunca esquecera, mas mesmo assim gostava de lembrar. Como por exemplo a camisa social aberta no peito ou olhos vermelhos, culpa do vento forte, ou quem sabe os cabelos...cabelos castanhos em diversas tonalidades...esse era o colorido de sua vaidade. E digo 'sua' porque não compartilhava com ninguem, e disso tambem se recordou logo e teria sim se enraivecido outra vez com seu medo se não fosse aquela mudança brusca que a atordoou. Ele não era mais um homem só e seu gato. Não era mais Chopin que regia suas tardes de domingo. Tinha companhia para os feriados e havia aposentado o uísque. Usava o cabelo preso agora e estava pensando em cortar... Estava claro que existia alguem, existia outra, existia ELA e ela o estava estragando.
Recomeçou, por pura caridade. Respirou fundo e fingiu não perceber o visivel incomodo dele com sua presença. Ou fosse talvez a ansiedade de evitar que Ela aparecesse a qualquer momento à porta e flagrasse os olhares cortantes que trocavam asperos e quentes pela sala. Evitar de ser chamado a um canto e advertido sobre os riscos e consequencias de seus possiveis impulsos sexuais, e porque nao, afetivos...Ele entretanto permanecia firme...e ela só o vira vulneravel uma vez. Onde sua força não fora suficiente para dizer não e sim suplicar pela espera.
O convite estava em aberto. Ele, que tinha aceito e prometido leva-la, estava agora preso a sua carencia e a um amor seguro.
Foi frio, pediu que fosse mais sutil, o que era impossivel. Rejeitou o filme, cancelou a viagem, passou a chegar no carro dela. E o que mais a incomodou era sua calma aparente contrastando com o receio da voz e a lateral da mao esquerda roçando os seus dedos como que proposital. Esse era seu jeito de gritar que estava com medo. Não medo dela ou da outra, ao caso de perde-la, mas medo de tudo que ele seria e deixaria de ser ao lado dela e longe do senso comum ... Tudo aquilo que nos torna irracionais, tempestivos e impulsivos a ponto de arriscar os sonhos e violentar a vontade. Até provar doloridamente que o novo gosto não irá permanecer sempre novo. E confirmar sua irreal capacidade de imaginar. Ele estava á beira da contradição.
As trombetas soam. O relógio lembrando que o tempo passou mas não o suficiente. O senhor de branco apareceu na porta como de costume e interrompeu o acreditava ser o fim, sem imaginar que jamais houve tempo para um começo. Foram novamente interrompidos antes de terem coragem de falar.
Ele guardou as coisas dele, ela levantou sem pressa, mordendo o passo, caminhando juntos para caminhos diferentes. Tao frageis e orgulhosos de si. Se desrespeitando por capricho. Não se despediram. Mas sorriu forçada ao ve-lo entrar palido no carro dela.
Fazer o que...A ferida no Ego é que dói mais.

Bem-Vindo


Eu estava sempre indo embora.
Uma, duas vezes por semana eu ia embora.
Saia ensaiando a despedida e quando via já tinha ido.
Mas a verdade é que pra poder ir eu tinha que estar sempre voltando.
E ele sabia disso. Sabia que eu voltaria...eu sempre voltava.
E ele sempre estava na janela, sempre me abria o portão,
sorria e me abraçava forte... me recebendo ansioso com seu olhar comprido.
Eu sabia que ele me esperava,
por isso voltava.
Por que quando ele dizia -Volte Sempre!
Eu entendia claramente... -Fique comigo!

Castanhos olhos em dia Azul


Meu olho o olha deitado
que ainda de olhos fechados
c
onsegue me ler por inteira.
Deito meus olhos nele
e perco minha visão.
E cega assim como ele
me deito do lado dele
juntinho do coração
para ler de outra maneira...

..

E os seus amores?

Até onde sabem de seu coração aberto?

Dança de Chuv(a/eiro)

Ele estava molhado... do outro lado de nossa cachoeira (improvisada) sorria pra mim.
Seus olhos ardiam como os meus... a espuma em minhas maos explicava o porque. E se espalmavam agora no peito dele, justificando o que, inevitavelmente viria em seguida.
Ele continuava sorrindo. Eu lhe acompanhava o riso. Ele menino e eu moleca. Como havia definido segundos antes.
Eu gosto do cheiro dele. Cheiro que a agua não leva embora, que sabao não disfarça e o esforço não rouba...ligeiro. Era cheiro de infancia que ele tem. Infancia esperta que digo. Ele tem e exala forte esse cheiro. E eu inspirava, inspirava, até que em algum momento impreciso, me vi num jardim florido. O jardim já estava lá antes, mas agora eu via em cores dispostas.
E me embebedava em suas flores...
A tinta delas em meu vinho em seu cálice...
Eu bebia as cores de sua arte.
Ele pintava seu Sol em (Meu) Jardim...A chuva chovia nele e ele chovia em mim.

Beijos com efeito de cascata...
Enchia o copo, o corpo e alma...transborda...

Eu gostava de estar ali. Ele disse que me queria ali.
Eu agradecia a minha maneira sorridente e boba.
Isso...boba mesmo...mas algo me disse que ele gosta de minha bobice moleca...
e eu gosto de dizer bobagens com essa meninice quase incomoda.

Mas gostava mesmo era de incomoda-lo com os pés, com as mãos,
e se as flores caiam, restava-me apenas morder-lhe os incomodos.

Barulhinho bom que dava...
Avança suave preenchendo a batida do silêncio.
Ele decide dançar.
Pra mim, comigo e em mim...

A agua cai...a chuva insiste
música forte aumenta o ritmo...
Joga as flores ao chão gelado
ao chão ele está...molhado
sobre ele estou eu...cantando.

A Chuva pára.
a sede seca as costas e os cabelos...
A necessidade justificada em saudade
A ansia da pele em espera...não espera
E Lá está a mesa, o colchão, as paredes...
pode se fazer um rastro...até a chama
que chama acesa enquanto ainda é chama
e faz com que a dança continue...quente


Sento ao chão...terra ao chão...chão de corredor
Mas era corredor de casa de poeta...poeta menino.
Menino-Sol...tomou chuva HOJE.
Eu o tentava enxugar, mas ele pingava. E os pingos dele mais a terra me sujavam toda.
Entendi que ele queria mesmo era voltar à cachoeira...
Para derrubar as flores, me pintar de flores...e ouvir a música...

Para poder dançar mais outra vez...

Despeço-me


Eu observo a Lua Minguante
Minguar de nossos planos e desejos.

Percebo a ausencia dela na boca dele
e em suas palavras.

Sinto-a em morte prematura
levada à roda sem defesa, sua ou minha.

Ele a lembra agora incomodado,
quase enraivecido...
por sua vontade propria inconsciente.

Lamenta raiz poetica
impregnada nesse solo de quase prazer
estagnado por ciume improprio
e competido à minha vontade indolente.

Vejo-a sumir do céu da janela dele
onde fatídico ocorreu o primeiro contato.
Implicito consumo de sutilezas
distribuido em dose orgásmica a cada quarto.

Ele me toma por afeto único
Gozo de sua injustiça ao amor alheio.
Descubro-me inocente de sua inocencia.
E agradeço por seu golpe suicida.

Celebro cínica a conquista apesar das perdas
E leio cartas de amor na trincheira
enquanto despeço-me da Lua que finda
e posiciono-me a imperar como Lua Nova.

Despedida

Deus está de volta ao edifício.

Dia 15 - Meia Folha -Novo Ínicio

É hora de acordar. Sorrir pelo cansaço acumulado, contar os sonhos que já foram esquecidos, procurar vestígios de estranhos em seu corpo. Quebrar o Espelho.
Chorar o abandono e o desapego, alimentar os peixes, observá-los comer. Se ver exausta e consertar o ar-condicionado.
Ducha fria. Estômago sussurra fome e espaço. Telefone mudo grita e a ensurdece. Tortura é porta aberta sem ninguém... Vazio deixado pelo cão... Que foi embora junto com ela.
A casa se mantém limpa, a TV desligada ensina a vegetar. A caneta encosta o papel e retorna sem nada dizer. As janelas se mostram em posição confusa...desperta, aperta...a casca se rompe e ele sai. Mas logo está de novo dentro dela.
Desespero... Respiração ofegante x barulho inconveniente do relógio que não respeita nem o silêncio e nem o descaso, continua marcando o tempo sem voltar ou avançar segundo qualquer.
Suspense.
Saliva esperma e suor na boca dela.
Suor seu, esperma dele, saliva dela no corpo dele na boca sua e agora nela.
Ele contorce.
Ela desmente... Com suas mãos lentas e talentosas.
Olhos enormes, pesados e famintos, devorando-me o Dom e o corpo que me alimenta.
O céu cinza trás de volta o Tempo. Tempo real, tempo de homens atentos ao atrito das coxas. Janelas fechadas, casa lacrada. Tempo de pensar no tempo que passou ou esta passando.

Ela é Química, musa acida e dissolvente.
Ele é Santo, poeta, com seu sagrado lirismo sexual.
Eu, inconstância, por isso desejo, contanto carência, portanto ciúme
e ainda assim... Vontade de ler até o final.

Dias de Amores Breves


Dia Primeiro: A Voz

Ela não o estava procurando, talvez por isso que não o encontrou... Mas pôde certa vez se deparar com algo
que ele deixou cair por ai e veio misteriosamente as suas maos.
Considere certa vez, hoje. Não que de fato tenha sido, mas sua historia era presente continuo.
Não sabia seu nome ou conhecia seu rosto, em verdade, nunca se ateve às trivialidades... Mas conhecia-lhe o intimo profundamente. Pois este era-lhe só seu. E tão seu que nem verdade se fazia.
Mas houve de, nesse dia, que poderia ser hoje, mas não se sabe ao certo, lhe ter caído em mãos, resquícios dele. E de lá, de algum lugar que fosse o dele, e quem sabe também seu, lhe pensara incessantemente. E doía sua ausência tramada.
Não fora aquela noite morna jamais teria sentido abrir as janelas... Mas já não esperava recebê-lo há essa hora... 05h56min da manhã...a hora era essa, e disso sabia por seu atrevimento de olhar o relógio repreensiva antes de encara-lo, sisuda. Eis que o encarou sem a ciencia dele, e não sei como é possível se encarar a distancia alguém que pode nem mais existir. Mas existia, porque ao primeiro contato de seus olhos fechados e curiosos, fez-se o encantamento. E ela o sentiu, serena.
A melodia hoje não vinha escrita, mas sim, sonora e ampla... Ele lhe rasgava verbos, e não importante quando fora o lapso da consciência de sua existência... Mas agora a tinha enfim encontrado e sua inconsistência lhe parecia curiosamente encantadora...
Pois ele jogara seu amor cantado ao vento...e tempos depois este fora à ela conduzido.

Duplo Sol


Sol forte... No céu e na cama.
Vontade violenta de saudade guardada, tão dolorosa que sangrara ao ultimo encontro.
Hoje, todavia, regada de outro elemento sagrado. Que também forte, manchava, marcava e impregnava... Desde os lençóis ate o interior.
Unhas e dentes... Linhas e vergões...
Ele suava, eu gemia... Febre de corpos e tecidos.
Desenfreado, encontrou o tom...
Desfez a capa e houve o atrito... Perigo, desejo... Pelos e bicos...
Ao pé do ouvido, ou pé do umbigo...
Fogo... Invade... Saboreio o dom
O doce dele entrou em mim e me pingou salgado.
Almocei sua ansiedade de nós...
Verdade... Luzes desenhavam as paredes de pele e concreto...
Tinta preta formava desenhos múltiplos em minha pele ora amarela, ora vermelha (cor de entardecer)
Múltiplos eram os espasmos e delírios... Entre tantas outras multiplicidades que encontramos n ISSO
Os olhos dele mudavam de cor... Ou seriam os meus...
Nossos... era um trabalho conjunto e especifico...
Seguíamos a risca cada ordem do corpo do outro...
Selvageria disciplinada e singular...
Impetuoso, obediente... não pretendi entender... estava doada e entregue aos impulsos aleatórios que o consumiam sobre mim.
Voávamos... por pura teimosia de permanecer no chão...
Este que também foi um bom palco, pareceu estranhamente levitar.
Designado e Pleno...
Enquanto sóbrio ele dançava bêbado... girei ao tic tac do relógio que não havia...
Ignorado, o telefone insistia em tocar... Tocar... Ele tocava forte, mordia louco...
Doía... Gostei
Deslizei-lhe a pele e lhe abocanhei... Macio... Comi a fome que me devorou a alma...
Alma que desperta sem querer ou poder voltar...

Voltar... O sol desce no céu... E no quarto me levanta... Voltar...

Eu volto... Ainda quero marcar Azul

Ele disse para ela esperar...

Então Ela esperou.

Ela que ele diz ser eu


De repente era assim mesmo
hoje eu emprestava um livro meu para ela, amanha ela já tinha lido o livro faz tempo, e depois ele já estava em Curitiba, tudo muito rápido..
Eu falava mau de um filme, e no dia seguinte se alguém falasse bem ela pegava o que eu disse e afirmava que o filme era bom apenas para agradar a pessoa e participar do grupo, acho que a gente nunca deu certo por que eu sempre fui observador, tentava ver o mundo de uma ótica diferente das pessoas normais que seguiam o fluxo de "maria vai com as outras", embora esse meu comportamento fosse meio do-contra ainda assim eu conseguia não ser tão chato quanto as pessoas que sempre citam shakespeare ou alguma música do Caetano.
nada contra...
mas também são coisas que não mais me atraem...


Ela sempre seguia os outros, vai ver que foi assim que acabou me seguindo, o que mais me faz sorrir hoje é que eu fui tão complexo que ela não conseguiu me acompanhar, o chato é que acabei me apaixonando.


Mas a vida sempre voltava a rodar em sentido horario e esse horario era o que eu não tinha mais, corria, corria, e não conseguia chegar a lugar algum, maldita pressa.


Ela me encarava com aqueles olhinhos de quem sabe que a pessoa gosta dela, mas não entendia por que eu agia friamente como se ela fosse a atendente da padaria ou o cobrador do ônibus que as vezes você olha na cara, as vezes você sente que conhece de algum lugar, mas não sabe de onde.No fim tudo era sempre novo e eu analisava como um lobo a sua presa, ou como um cirurgião o seu paciente, ou como o confeiteiro o bolo, ou como a criança o Discovery Kids. Eu dizia isso pra ela e quando perguntava se ela entendia, se virava distraida e dizia que sim, simulando minha frieza como se fosse punição. Mas eu não ligava não e ia pensando em como nos parecíamos de vez em quando enquanto estava a caminho do trabalho.
Até o dia em que ela apareceu com os meus livros e disse que com aquele tom que eu ensinei a ela, que não ia voltar mais. Droga! A essa altura do campeonato um abraço já não resolvia até porque ela havia ficado igualzinha a mim.
De repente estou eu voltando para casa, horário de pico de merda, só serve para uma coisa: Passar raiva no transito e pensar no que já passou. Cada um tem sua carga de culpa e de desespero.


E nem me lembrava o que fiz no trabalho.
E foi ai, nesse instente de luz entre velhos e crianças me pressionando contra porta do metrô que eu finalmente entendi, que na verdade, ela nunca entendeu nada.

Ela

Ao meio... caminhava no meio do meio.
Não voava. Nao sabia voar.
Chorava só quando não tinha ninguem
e nunca tinha...
Por favor, não procure por ela...


Não, ela não entende. E não pretende voltar.
Com fome, ela comeu tudo que deixaram no caminho.
Se perderam a verdade ou a vontade
Ela comeu.
E ficou ainda mais perdida.

Com uma faca e sem coragem, ela correu.
Passado, amando e matando aqueles que se recusaram a partir.
Pois seu coração batendo lhe exigia mais alimento
Uma lembrança, uma carencia, uma paixao, um medo...
Um medo... e ela estava novamente a apavorar.

Mas mesmo assim não entendeu... porque mudava o rumo cada fuga.
E preferia jantar segredos do que voltar aonde tudo é claro,
e não se sabe de nada por nao se ter a ninguem.
E ninguem poderia ama-la pra sempre...
Entao a deixe...
Sorriso cativante e olhos molhados
Deixe-a ir...

Porque ela não quer voltar
E voce nao iria querer te-la aqui
Ela tem fome...
Por favor... não procure por ela

Eu tentei e agora ando aqui ... sem alma...



Para Marina, Alice e Ana que caminham por mim no jardim de Pedras...

Leve...


Ele estava leve hoje...
é verdade que o cabelo penteado e preso o deixava com jeito de rapaz timido.
Rapaz...ele riu, achou graça, o que mostrava que talvez fosse seletivo...
mas não tímido.
Que bom!
E nem bobo.
Melhor!
Se eu entendesse tudo, não precisaria estudar você.

Era uma vez... Fim


Um dia ela chega/ chegou.
Abriu a porta, entrou e se jogou no sofá.
Trazia consigo uma bolsa vermelha, horrivel e cheia de bugigangas sugestivas
a qual ela largou em um canto qualquer.
Reclamava sem parar do calor e mexia preocupada nos cabelos, soltos, cacheados
e ainda mais volumosos do que os meus.
Se sentia em casa, me senti estranha.
Quis que ela fosse embora, ela sorriu e quis ficar.
Instalou sua escova de dentes no banheiro e pegou minha toalha, disse que
estava cansada e precisava relaxar.
Tentei dizer que não, ela fingia não entender. Ia ignorando as placas, desviando
a atençao enquanto arrastava sua bolsa para o quarto.
Ela ficou...distorcendo meu espaço a cada novo dia, se atrasa, me atrasa, acordo
cada vez mais tarde.
Ela desfila pela casa imponente como uma rainha, sorrindo seu sorriso esperto e
atrevido...tão rotineiro que não apenas divertia, como se tornou cansativa necessidade.
Passava tardes em frente ao espelho...eu tambem.
Acariciava cada linha e reentrancia, compara nossos corpos, nossos pequenos seios
e apresentava à mim meu proprio corpo.
Não era o tipo sincera, gostava mesmo era da vida que não tinha.
De se arriscar, de inovar, as vezes zombava de minha vida morna enquanto contava suas
historias/mentiras cretinas e desastrosas. Chorava por um passado nojento que nunca
aconteceu. Mostrava as marcas, ainda lhe toco as marcas...
ela logo esquece as lágrimas e segura com força minhas maos, ri maldosa, mistura de euforia
e desespero, entao gargalha me puxando sem desefa ao seu devaneio lucido.
Mergulho em bebidas fortes, paredes molhadas e um sexo novo e envolvente.

-Silencio

Ela respira ofegante balbuciando alguma coisa incompreensivel, eu olho pro teto,
olho pra ela, corro os olhos pelo quarto procurando pelas roupas e meu pudor, ele
se foi por debaixo da porta. Me despeço dele em voz alta.
Enquanto isso ela se levanta, acende um incenso e faz um comentario engraçado. Rimos
juntas...sedentas de graça e risos.

Menina Má...abriu as portas do Quarto/Mundo

E se fecheu. Cansou e quis provar um novo nível...

Um dia ela acorda, acordou...tomou um banho, esqueceu a toalha, dispensou o café e fingiu que nada tinha acontecido.
Abriu a porta e então saiu.
Estava cansada, me senti vazia. Quis que ela ficasse, ela sorriu e disse que nao.
Ela se foi, não disse adeus, mas sei que não vai voltar tao cedo.

Eu só queria dizer que Amo...


Deveria sim haver uma razão... Não há
Não é piegas dizer que não se pode explicar.
O curioso é que somos tão iguais que por vezes
Nos vemos afastados, exatamente por não saber ceder nos mesmos pontos.
Mas eu amo nossos momentos de paz, gosto de quando você responde meu Bom Dia (ainda que sejam raras vezes), gosto de quando você me abraça no corredor da escola sem se importar de estar do lado da sua irmã chata.
Gosto dos seus dias de euforia... Ainda que incomode um pouco prefiro te ver irritante do que chateado. Porque eu odeio ver você triste.
Sei que não sou a irmã perfeita, aquela dos seus sonhos^^ mas juro que eu tento...tento ser madura e não ser tão esquisita...queria poder lhe dizer o que fazer nos seus momentos confusos, mas vejo você sempre tão mais equilibrado do que eu. E no fundo eu queria mesmo era ser como você... As pessoas gostam de você, e seus amigos te visitam de vez em quando... Seus gostos são aceitos e seus medos são compreensíveis, o seu bom senso é admirável... Eu não, não tenho noção de perigo, não sei lidar com limites... Nem tenho amigos... Como posso querer lhe ensinar alguma coisa?
Mas tudo que sei e já lhe disse isso é que agimos como se fossemos as duas faces de uma mesma moeda, cada um olhando para um lado diferente, vivendo e interagindo com pessoas e manias diferentes, mas no final, independente do que viram ou viveram ainda são a mesma moeda.
Sempre achei que amar você fosse um dever meu já que sempre estaríamos juntos, como a moeda... Hoje, no entanto sei que é inevitável que ainda que eu não quisesse ou que estivesse longe... Não saberia não amá-lo. Você é o meu "pequeno grande homem".
Saiba que se precisar de mim, mesmo que às vezes eu não possa fazer muito, estarei disposta a fazer o possível e se não der certo vou continuar tentando...
E na verdade pequeno príncipe, eu só queria dizer que amo
E vou amar você pra sempre...

Flor de e.Liz


Liza grita,
berra,
resmunga
e chora.

Teima Mimada

Com a pele molhada faz dengo

Lento e Constante

Ela... ERRA

Não há tempo, esse instante

Ela provoca,
se entrega,
se enrola,

Esquenta

AnaLisando o próprio corpo ainda molhado.

Foi antes do Sol nascer mas ele já brilhava...


Acordei sentindo o seu cheiro.
No meio da noite, sentada na cama, sentindo seu cheiro... Forte e inebriante.
Por alguns instantes esperei você chegar, como se estivesse ido a cozinha ou ao banheiro e logo voltaria para a cama. Forcei-me a ouvir passos pelo corredor. Desejei escutá-lo rindo, abrindo a porta, pisando leve, sussurrando doce no meu ouvido qualquer fragmento desse nosso amor. Sorri... Por ter alguém que povoe os meus sonhos... Alguém que me faça doer de saudade. Notava a ausência de teu corpo na cama, mas o sentia presente e vivo em cada parte de mim. Então esperei, porque o lençol ainda estava quente e meu coração palpitante e ansioso denunciava tua presença...
Não era sonho... E impossível que não tenha estado ali.

Deleite de amor imenso e proibido... Levantei só pra dizer que o tempo é exato, mas o amor... é Eterno.

Ainda Espero...

Para Sempre Sua Menina.

Haja Vênus!

Sol e Lua em Libra
Ascendente em Touro

-O Gosto pelo Prazer

ISSO sabe o que assusta Você!

Laranja


O tempo parece cruel...engolindo a si proprio nos bons momentos e rastejando preguiçoso em sua ausencia.

E eu que só queria não te querer tanto...

Domingo foi um dia lindo...não pelo tempo bom ou pelo céu limpo, mas porque vc estava comigo.
Fui no lugar que queria te mostrar e percebi que é apenas um lugar qualquer...com arvores e as mesma grama e suas mesinhas de pedra...o que quero dizer é que não é o lugar que é magico e sim as pessoas...
Como as ruas que passamos juntos pelas quais não sei mais caminhar sozinha.

Alguma coisa que vc deixou em mim fica pulsando vc o dia inteiro...
não consigo mais me contentar com o real de antes, os velhos amigos, as velhas verdades...
Hoje um amigo me chamou pra sair...talvez tivesse sido bom, bater um papo, cair de volta na realidade...eu ate quis querer, mas não quis...meu real agora esta impregnado de sonho...

Eu quis viver só de sonho, mas nao dá

Quis abraçar/mergulhar no real e não consigo...

prefiro leva-lo tranquilamente sem tumultos ou exageros...

porque é no cotidiano que está a verdadeira espera.


E em seu encantamento posso mergulhar...

Como naquele momento que te vi na estação, me senti orgulhosa de mim mesma,
porque dentre todas as pessoas com suas dezenas de historias era em minha direção vc vinha...
e algo quente me abraçou antes dos seus braços envolvendo meu afeto, que é tão discreto quanto vulgar e ainda assim único, nessa pausa, nesse instante indeterminado de tempo eu me perdi de mim, fui vento, fui terra, fui mato, fui Deus...e tava ja ansiosa pra que vc chegasse logo perto, e me tocasse logo a pele, porq só vc cria mais de mim a cada toque...pra que eu tenha mais de mim para doar...ainda que doa

Mas eu não quero dar só o meu excesso...quero me dar sem dó
que nossa nota seja Sol e nossas cores variadas...

Porque não quero te ter o tempo todo...gosto de sentir a tua falta,

quero sentir a dor da tua falta... para enteder melhor o significado da tua presença,,,


"Morrer não dói" já dizia o poeta...e eu não quero morrer de amor.
Prefiro os dramas infindaveis das novelas do que a frieza direta dos tele jornais.
Eu quero viver de amor, quero doer de amor, quero amar vc e pronto...

aos poucos, entre um sonho e outro, nos beijos, nos poemas, eclipses...

quero amar vc na espera

e esperar...ate que possa amar como quiser...

e não se esqueça que eu não lhe esqueço
Porque a Lua...ah...a Lua é sua!

Leite, Café e Vento...


Ele e seus pincéis...me expõe em suas telas, seus quadros,
seus olhos expostos no centro da sala, gritantes. E em silencio.
Não é timidez que os cala...Não sou eu.

Você não me faz assim...e eu não quero mais gritar.
Mas você me pediu pra agüentar um pouco mais,
e eu pacientemente entendo.

Como se seu egoísmo fosse relevante a essa quase historia

De frases mudas eu sobrevivo
Tolero a falta de fé e inspiração

Mas não crio monstros em meu armário.

Viu o que me fez fazer?
Olhar pra ela e sorrir!

Porque ela tinha que ser cruelmente encantadora?
Ferindo meu Ego e seus olhinhos vagos

Amor cínico e indubitável, carnificante.
Sutiã esquecido no sofá da sala,
fotos vulgares no balcão da cozinha...

Essa não era a moça sorridente com quem se casou?


Não me deixe culpá-lo, não se sinta culpado por mim.
Se é você que não sabe o que fazer e sempre mete os pés pelas mãos...

Poderia ser bom... Mas não será. Não chegara a ser coisa alguma.

Você sabe da sua mania olhar pra calçada quando dirige, de dizer tchau baixo suficiente pra que ninguém ouça.
Exceto eu.

Que não escuto mais!

Eu deveria estar la agora!
Mas você está.
E não ia adiantar coisa alguma.

Que droga!!!
Eu não sou assim...

O frio não compunha minhas noites!

Eu sou verão! Eu falo alto, riu quente.

E você sabe disso, ou melhor, não sabe...


Mas eu achei que você soubesse...

Ela sabia...

Quer uma maçã do amor?

Mancha


Aquela mancha no canto direito e inferior da folha
era Ele...se esquivando de meu novo conceito...vermelho.
Ele é assim:
por quanto mais cativa prefere a base.
Apegado a segurança calorosa e constante da terra
e no entanto, é
Frio e Escorregadio...
ele é azul ou quem sabe cinza.

Talvez por isso fuja aflito de minha inconveniência gritante...

(A)manhã



Era manha...esperava que fosse manhã.

Esperava recebe-lo pela manhã.

Esperava não precisar esperar muito.

Muito faltava pra chegar a manhã

que só viria mesmo amanhã.

Mas amanhã ele não poderá vir.

NcIaNcAo

Do lado de lá
O que é que tem?
Quem saberá?

Debaixo do chão
Acho que está!
Acho que não!

Será que está perdido
ou escondido
na minha mão?

Será que está no fundo?
No centro do mundo
ou dentro do meu coração?

Nuance

Está frio.
Sinto um palpitar dolorido no peito e um pulsar estranho em minha barriga.

Leio o passado...
Dele.
Que não distante já era presente...
Nosso.

E ainda que fato permanece somente abstração...
adiado a um futuro imediato
do qual pretendo não participar.

Sofro...
por fazê-lo acreditar que me faria sofrer.
E faria/ fará
Mas não devia tê-lo conscientizado.
E se o fiz,
foi com a intenção de alertá-lo do oposto.

Falta-me o ar
Deito-me em sua cama e o observo a me despir.
Seus olhos penetrantes e quentes pousam sobre mim
o amor que escapa dele
e que juro ser somente meu...

Ele é um artista,
recebe o meu afeto como que o ferindo
e fere.

Sinto a dor
e pratico o cinismo de sua arte...
saudosista
cantando velhos sonhos e demolindo desejos e planos...

Eu agüento.
elaboro a teoria de liberdade infundada.
forjo minha indecência
ridicularizando a displicência de meus dias reais.

Gosto...
Assumo o personagem e a permanência da inconstância.
Amo...como que em um continuo ato sexual,
povoado de crimes e lirismo infantil.

O gosto é doce.
a base do ciúme dele é o meu próprio...
inexistente.

O que ele faz é irrelevante
enquanto condiciona-me acreditar ser única.
A exposição de minha importância e singularidade
que me faz dormir tranqüila
ainda que sozinha.

1(3) da Sorte

Eu quis te-lo rasgando minha roupa, já nu
Eu desejei ve-la tirar peça por peça.
Eu quis ver ele, vampiro, no pescoço virgem dela.

Eu quis ter ela, mordida, se espalhando em mim em sua sede.
Eu quis senti-lo entrando em mim e me deixando bebada.

Eu pude ve-la embreagada em seu ciume timido.
E agora emaranhada nessa rede.
Eu quis prova-la, se molhada em gozo dele.

Eu quis abri-la, mostra-la, derrama-lo sobre ela
Eu pude bebe-lo e chupa-lo em prazer suado dela

Ela provocar meu gozo
Ele provocado e louco
Ela à boca dele, eu na boca dela, ele dentro de mim

Eu pude ve-la fugindo com meu medo
O senti devorar-me com minha fome
Despertar do sonho à esse desejo insalubre

Eu só quis paixão nesse amor insone...

E permanecer no centro incolume.

Palhaço


-Mãe, olha ali, como aquele moço é pálido, com nariz vermelho, uma roupa em cima da outra. Será que ele pegou um resfriado?

-Esquenta não menino, que a doença dele é outra.

Para Ele a quem dedico o Meu Amor


Ele que é menino que essa menina ama.
Porque me deu moedas pra jogar na fonte e eu desejei que Isso nosso fosse o mais feliz.

Porque ele me faz dormir com carinho cabelo. E eu acordo feliz ás cinco da manhã.

E ele sussurra no meu ouvido Bom Dia. E eu abraço ele forte, forte. Como se ele fosse entrar em mim, rasgar a pele, encaixar os ossos, ficar alojado la dentro, seguro, só pra eu sentir por mais tempo aquele pulsar dele dentro de mim.

E ele diz que gosta de me ouvir falar e rir a toa, e contar historia e dizer bobagens. Que geralmente é coisa boba, sem importância que parece importar pra ele só porque quem diz sou eu. E o meu exagero tem mania de poesia.

E Ele ainda me deixa tomar leite de colher e eu balanço os pés durante o café-da-manhã. Faço barulho, ando descalça, brinco de escorregar no corredor. E ele brinca comigo. Porque assim o tempo não machuca agente.

Ele ate que faz bem que quer me ouvir cantar, mas eu não dou esse gostinho não, porque ele sabe que eu canto muito mal. Mas ele já não pode entender isso, porque separa cada verso da canção e me conta que é tudo nossa historia. E assim eu inventei de começar a cantar contando... E ele pareceu ate gostar de ouvir a melodia escrita.

E eu ando pela casa com as roupas dele e uso todo creme de cabelo, mas ele parece não se importar. E agente junto se olhando espelho parece não entender como existimos antes desse (re)encontro, porque já não nos enxergamos de outra forma, a não ser assim, se encaixando um no corpo do outro, e o desenho dos olhos de um explicando o desejo dos olhos do outro.

E nós fomos juntos no supermercado. Eu compro pão enquanto ele pede o queijo. E ficamos um tempão pra escolher a sobremesa, ele diz que queria me agradar. Gosto do mimo. Gosto porque veio dele. E confirmo comovida de que o homem indeciso entre tradicional e novo sabor é definitivamente o homem que eu amo.

Porque ele põe cata-ventos na janela, assim como eu, pra pegar as mensagens que eu mando e os beijos pro vento entregar e ele me ensinou á respeitar o tempo e os sinais do mundo, e as forças que nele estão.

E ele me leva numa rua bem estreita, com casas coloridas e vasinhos nas janelas e agente sonha de imediato com a mesma historia. Senhoras nos portões e crianças brincando na rua, constatando a sintonia da nossa infância ainda presente.

E agente se despede apertado quando é hora de ir embora. Ele diz que Isso não se acaba nunca. Eu sei, mas gosto tanto de ouvi-lo falar. Porque ele fala daquele jeito tímido, que parece querer atenção, querer colo. Só pra não lembrar que estou a caminho de casa. E logo a distancia começa a doer de novo.

E ele abre qualquer pagina de qualquer livro e é sempre a nossa historia que ele lê. E eu durmo no ombro dele na viagem, num carinho que me sinto tão segura. E ele encara corajoso cada olhar estranho sobre a menina que viaja sonhando aconchegada no seu peito.

E ele me deixa brincar com o cabelo dele, que agora é menor porque resolveu cortar. E eu acho que ele não acredita quando digo que eu gostei ainda assim. Porque ele é meu amor e é lindo, lindo.

E ele é inevitavelmente amável e tem essa mania boba de me escrever cartas, de me ligar de noite, de me dizer que ama e de afirmar apaixonante de que linda, sou eu.
Pare de dizer que me ama...me ame e pronto!

Pecados Santos a Frente da Igreja


Rodearam, rodearam e não entraram.
Também pudera...
Em tarde de Poesia ou de Milagre
Deus se expressava àquele brilho.
E naquele dia...os possuiu ao ar-livre.

Recém Chegado e Já de Partida

Hoje espero a cura do mundo
do meu, vulgo você, de mim...
De todos os ontens e antes
Em todas as horas e agora
Por todos os pecados meus
perdoados por Deus
e pendurados na sua conta.

Hoje relembrei a dormência dos versos
do toque, dos sorrisos, do afeto.
Da mórbida presença dele nas fotos, nos livros,
ou estático na porta da cozinha.

Hoje me alimento das sobras de delírio
dos restos de pele nos vãos, nos cantos,
tamanhos diversos, verdade santa.

Hoje me entrego ao pó de sonhos,
daqueles antigos, projetos
varridos para baixo do tapete
banidos do meu mundo
para o seu subterrâneo.

Hoje bebo todo o céu,
provo e me farto de mundo.
Comparo a idade com a sobriedade
Declaro ser incapaz de dirigir
em literal sentido...
01:01, 01:02, 01:03...
Hoje já passou e ainda não sinto o dia melhor.
O mesmo barulho de chuva,
o mesmo cheiro de medo e asfalto,
gosto amargo de jasmim
e cenário girando...
lembrando a palidez da imagem guardada.

Hoje amarguei o tempo passado
as tardes trancada no quarto alheio
celebrando o fim sem remorso.
O vazio repleto de novas cores...
amores...
Amor...que hoje é tão presente
quanto nunca mais será.

Hoje vejo o Sol nascer,
novo dia que a espera compensou
sinto o carinho, perco a carência,
deixo as promessas e o outono pra você,
mas fico com as flores...

Hoje parece não querer acabar...