Está frio.
Sinto um palpitar dolorido no peito e um pulsar estranho em minha barriga.
Leio o passado...
Dele.
Que não distante já era presente...
Nosso.
E ainda que fato permanece somente abstração...
adiado a um futuro imediato
do qual pretendo não participar.
Sofro...
por fazê-lo acreditar que me faria sofrer.
E faria/ fará
Mas não devia tê-lo conscientizado.
E se o fiz,
foi com a intenção de alertá-lo do oposto.
Falta-me o ar
Deito-me em sua cama e o observo a me despir.
Seus olhos penetrantes e quentes pousam sobre mim
o amor que escapa dele
e que juro ser somente meu...
Ele é um artista,
recebe o meu afeto como que o ferindo
e fere.
Sinto a dor
e pratico o cinismo de sua arte...
saudosista
cantando velhos sonhos e demolindo desejos e planos...
Eu agüento.
elaboro a teoria de liberdade infundada.
forjo minha indecência
ridicularizando a displicência de meus dias reais.
Gosto...
Assumo o personagem e a permanência da inconstância.
Amo...como que em um continuo ato sexual,
povoado de crimes e lirismo infantil.
O gosto é doce.
a base do ciúme dele é o meu próprio...
inexistente.
O que ele faz é irrelevante
enquanto condiciona-me acreditar ser única.
A exposição de minha importância e singularidade
que me faz dormir tranqüila
ainda que sozinha.
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