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Sei que um dia ela vai acordar cedo, sentar na cama, olhar o quarto e mesmo sem sono perceber que não quer se levantar...
Sei que vai olhar o relógio, notar que está atrasada e que esses próximos minutos significam o decorrer de seu dia, mas não vai se incomodar com isso.
Pensar nos planos da tarde, no almoço ignorado, nos olhares cativantes e arredios, das conversas desconexas e dos poemas que aos poucos se tornaram inexpressivos. Sei que um dia ela vai lembrar que o sexo seria bom. Haveria vinho gelado e disputa ferrenha de línguas e dentes à nudez exposta. Mas que ainda assim seria facilmente trocado por mais uma ou duas horas de sono.
Sei que um dia ela vai achar que esqueceu de algo, mas não sabe o que, algo que, de certo, não teve muita importância...como se de repente, durante a noite, os bons momentos ou o amor que pensou sentir por ele lhe tivessem saltado do corpo e escapulido pela janela aberta.
E sei que nesse dia ela só irá querer ficar um pouco mais na cama.

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