É hora de acordar. Sorrir pelo cansaço acumulado, contar os sonhos que já foram esquecidos, procurar vestígios de estranhos em seu corpo. Quebrar o Espelho.
Chorar o abandono e o desapego, alimentar os peixes, observá-los comer. Se ver exausta e consertar o ar-condicionado.
Ducha fria. Estômago sussurra fome e espaço. Telefone mudo grita e a ensurdece. Tortura é porta aberta sem ninguém... Vazio deixado pelo cão... Que foi embora junto com ela.
A casa se mantém limpa, a TV desligada ensina a vegetar. A caneta encosta o papel e retorna sem nada dizer. As janelas se mostram em posição confusa...desperta, aperta...a casca se rompe e ele sai. Mas logo está de novo dentro dela.
Desespero... Respiração ofegante x barulho inconveniente do relógio que não respeita nem o silêncio e nem o descaso, continua marcando o tempo sem voltar ou avançar segundo qualquer.
Suspense.
Saliva esperma e suor na boca dela.
Suor seu, esperma dele, saliva dela no corpo dele na boca sua e agora nela.
Ele contorce.
Ela desmente... Com suas mãos lentas e talentosas.
Olhos enormes, pesados e famintos, devorando-me o Dom e o corpo que me alimenta.
O céu cinza trás de volta o Tempo. Tempo real, tempo de homens atentos ao atrito das coxas. Janelas fechadas, casa lacrada. Tempo de pensar no tempo que passou ou esta passando.
Ela é Química, musa acida e dissolvente.
Ele é Santo, poeta, com seu sagrado lirismo sexual.
Eu, inconstância, por isso desejo, contanto carência, portanto ciúme
e ainda assim... Vontade de ler até o final.
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