Despeço-me


Eu observo a Lua Minguante
Minguar de nossos planos e desejos.

Percebo a ausencia dela na boca dele
e em suas palavras.

Sinto-a em morte prematura
levada à roda sem defesa, sua ou minha.

Ele a lembra agora incomodado,
quase enraivecido...
por sua vontade propria inconsciente.

Lamenta raiz poetica
impregnada nesse solo de quase prazer
estagnado por ciume improprio
e competido à minha vontade indolente.

Vejo-a sumir do céu da janela dele
onde fatídico ocorreu o primeiro contato.
Implicito consumo de sutilezas
distribuido em dose orgásmica a cada quarto.

Ele me toma por afeto único
Gozo de sua injustiça ao amor alheio.
Descubro-me inocente de sua inocencia.
E agradeço por seu golpe suicida.

Celebro cínica a conquista apesar das perdas
E leio cartas de amor na trincheira
enquanto despeço-me da Lua que finda
e posiciono-me a imperar como Lua Nova.

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