Dias de Amores Breves


Dia Primeiro: A Voz

Ela não o estava procurando, talvez por isso que não o encontrou... Mas pôde certa vez se deparar com algo
que ele deixou cair por ai e veio misteriosamente as suas maos.
Considere certa vez, hoje. Não que de fato tenha sido, mas sua historia era presente continuo.
Não sabia seu nome ou conhecia seu rosto, em verdade, nunca se ateve às trivialidades... Mas conhecia-lhe o intimo profundamente. Pois este era-lhe só seu. E tão seu que nem verdade se fazia.
Mas houve de, nesse dia, que poderia ser hoje, mas não se sabe ao certo, lhe ter caído em mãos, resquícios dele. E de lá, de algum lugar que fosse o dele, e quem sabe também seu, lhe pensara incessantemente. E doía sua ausência tramada.
Não fora aquela noite morna jamais teria sentido abrir as janelas... Mas já não esperava recebê-lo há essa hora... 05h56min da manhã...a hora era essa, e disso sabia por seu atrevimento de olhar o relógio repreensiva antes de encara-lo, sisuda. Eis que o encarou sem a ciencia dele, e não sei como é possível se encarar a distancia alguém que pode nem mais existir. Mas existia, porque ao primeiro contato de seus olhos fechados e curiosos, fez-se o encantamento. E ela o sentiu, serena.
A melodia hoje não vinha escrita, mas sim, sonora e ampla... Ele lhe rasgava verbos, e não importante quando fora o lapso da consciência de sua existência... Mas agora a tinha enfim encontrado e sua inconsistência lhe parecia curiosamente encantadora...
Pois ele jogara seu amor cantado ao vento...e tempos depois este fora à ela conduzido.

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