Ela que ele diz ser eu


De repente era assim mesmo
hoje eu emprestava um livro meu para ela, amanha ela já tinha lido o livro faz tempo, e depois ele já estava em Curitiba, tudo muito rápido..
Eu falava mau de um filme, e no dia seguinte se alguém falasse bem ela pegava o que eu disse e afirmava que o filme era bom apenas para agradar a pessoa e participar do grupo, acho que a gente nunca deu certo por que eu sempre fui observador, tentava ver o mundo de uma ótica diferente das pessoas normais que seguiam o fluxo de "maria vai com as outras", embora esse meu comportamento fosse meio do-contra ainda assim eu conseguia não ser tão chato quanto as pessoas que sempre citam shakespeare ou alguma música do Caetano.
nada contra...
mas também são coisas que não mais me atraem...


Ela sempre seguia os outros, vai ver que foi assim que acabou me seguindo, o que mais me faz sorrir hoje é que eu fui tão complexo que ela não conseguiu me acompanhar, o chato é que acabei me apaixonando.


Mas a vida sempre voltava a rodar em sentido horario e esse horario era o que eu não tinha mais, corria, corria, e não conseguia chegar a lugar algum, maldita pressa.


Ela me encarava com aqueles olhinhos de quem sabe que a pessoa gosta dela, mas não entendia por que eu agia friamente como se ela fosse a atendente da padaria ou o cobrador do ônibus que as vezes você olha na cara, as vezes você sente que conhece de algum lugar, mas não sabe de onde.No fim tudo era sempre novo e eu analisava como um lobo a sua presa, ou como um cirurgião o seu paciente, ou como o confeiteiro o bolo, ou como a criança o Discovery Kids. Eu dizia isso pra ela e quando perguntava se ela entendia, se virava distraida e dizia que sim, simulando minha frieza como se fosse punição. Mas eu não ligava não e ia pensando em como nos parecíamos de vez em quando enquanto estava a caminho do trabalho.
Até o dia em que ela apareceu com os meus livros e disse que com aquele tom que eu ensinei a ela, que não ia voltar mais. Droga! A essa altura do campeonato um abraço já não resolvia até porque ela havia ficado igualzinha a mim.
De repente estou eu voltando para casa, horário de pico de merda, só serve para uma coisa: Passar raiva no transito e pensar no que já passou. Cada um tem sua carga de culpa e de desespero.


E nem me lembrava o que fiz no trabalho.
E foi ai, nesse instente de luz entre velhos e crianças me pressionando contra porta do metrô que eu finalmente entendi, que na verdade, ela nunca entendeu nada.

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